Centro de Pesquisa e Formação em Ensino Escolar de Arte e Esporte, da 6ª CRE-RJ, onde são oferecidas oficinas de diversas linguagens artísticas aos alunos da Rede Pública Municipal de Ensino do Rio de Janeiro.
"Não basta saber tocar sonatas de Beethoven ou rapsódias de Liszt para poder ensinar Música. Se trata, pois, de algo distinto: penetrar na natureza íntima da Música e compreender seu rico conteúdo humano."
A Educação Musical é um processo de construção do conhecimento através do qual se aprende a ouvir, escutar, perceber, descobrir, imitar, explorar, expressar, criar, sentir e apreciar a música, esta linguagem universal.
Neste BLOG há o fruto dos momentos de aprendizagem, descobertas, vivências, jogos e atividades musicais desenvolvidas nas aulas. Ele é um registro que fizemos questão de fazer para eternizar nossos momentos singulares de troca, entrega, lapidação e muito afeto. Vejam as postagens com esta percepção!
Educar musicalmente é contribuir para o desenvolvimento global do ser, e a Música é uma área do conhecimento que se constitui em ferramenta poderosa para atingir as mentes e os corações.
Olá! Nosso Núcleo de Artes, inaugurado ano passado, não oferecia ainda todas as linguagens artísticas. Aos poucos, fomos montando as oficinas...
Para este ano, já está mais do que confirmado: teremos oficinas de dança! As professoras Késia e Juliana amaram nosso Núcleo e agora não veem a hora de começar suas oficinas! Inscrevam-se!
Em breve, anunciaremos também as oficinas de teatro e novas modalidades musicais que estão chegando...
Os Núcleos de Arte são Unidades Educacionais, supervisionadas pelo Programa de Extensão Educacional, que atendem prioritariamente alunos matriculados na Rede, oferecendo oficinas em diversas Linguagens da Arte.
O objetivo do Programa Núcleo de Arte é aprofundar os conhecimentos em Arte, além de levar o aluno a vivenciar e se apropriar dos processos criativos.
É também proposta dos Núcleos de Arte a visita a espaços culturais e/ou artísticos da cidade como forma de interação entre o fazer e o apreciar a obra de arte, trabalhando dessa forma, um aspecto importante para nosso aluno – a formação de platéia.
Os Núcleos de Arte atuam como pólos em diferentes pontos da Cidade do Rio de Janeiro e atendem aos alunos das escolas da Rede, dando oportunidade a uma interação sócio-cultural entre comunidades diversas.
São oferecidas oficinas nas seguintes linguagens: Arte Literária Artes Visuais Dança Música Teatro Vídeo
As oficinas estão estruturadas nos seguintes módulos:
MÓDULO BÁSICO: Para alunos que estão chegando pela primeira vez no Núcleo. É o módulo de alfabetização na linguagem da Arte escolhida.
MÓDULO DE CONTINUIDADE: Para alunos que já freqüentaram alguma oficina de Arte no Módulo Básico dos Núcleos.
MÓDULO DE MONTAGEM: Para alunos que têm ou já tiveram alguma experiência. Este módulo propõe um oficina multidisciplinar em que três ou mais professores de diferentes linguagens se reúnem, com o objetivo de vivenciar com intensidade os processos criativos, apresentar um produto artístico de qualidade, desmistificando a dicotomia processo x produtos.
Olá! Temos mais uma colega na equipe! Ruth tomou posse esta sexta (19/02/2010) como adjunta de Mônica Coropos na direção de nosso Núcleo de Artes! Luciana Lima, antecessora de Ruth, cursará este ano o Doutorado e dará aulas na Universidade! Ela ainda continua conosco com seu excelente trabalho nas oficinas de desenho artístico e inclusão de mídias digitais! Parabéns a todas vocês! Nosso Núcleo só tem a ganhar! :)
"A dança é, sem dúvida, uma das linguagens mais significativas das expressões humanas. Ela pulsa o samba, o bumba-meu-boi, o maracatu, o frevo, o afoxé, o baião, o xote, o xaxado, o funk, o rap, o hip-hop, as danças de salão, as danças eruditas, o jazz , a clássica, a moderna e a contemporânea. Além de Integrar, ajuda na formação crítica e consciente, amplia vivências e faz dialogar no processo criativo, estético e sócio-cultural. Dançar faz bem. Quem dança é mais feliz. Eu amo dançar! Pratique dança. Dê o primeiro passo e ofereça a você mesmo uma oportunidade de descobrir os segredos do corpo que se move!" (texto de Jabim Nunes)
DEUS APRISIONADO
A Dança", 1910. Óleo sobre tela, 260 x 391 cm. Museu do Ermitage
POR: Cida Almeida / Goiânia, GO 11/2/2007 (1)
Impossível de tintas A criação desvairada pede Um teto todo seu E ele CRIA.
Uma abóbada celeste Flutua sobre a cama paralítica Com o cheiro de tinta fresca Asfixiando os alvéolos da alma.
A criação exige forças ocultas Ele prende a respiração E as mobiliza desde o inferno Da dor de não existir em cores E formas.
Ele reinventa o céu Das impossibilidades a criação Mina tintas imaginárias Que escorrem das terminações nervosas Dos dedos hábeis que habitaram O fundo de um olho mágico Que só ele sabe tocar Com tamanha delicadeza.
Dedos e olhos e alma No frenesi de um desenho etéreo Acordando em cores para a luz Perfeita de Deus Aprisionado (Extasiado!) No momento gênese da tela.
Genial o menino que ele fabrica No mais profundo da dor De não ser Deus.
Mas ainda tem o poder do encantamento De uma fúria primitiva E faz da cama paralítica Um berço esplêndido.
E reinventa a brincadeira de pintar Com o prazer de um menino Completo em artimanhas Ele esquece as cores luminosas A sensualidade de suas tintas E as combinações impulsivas Na alquimia da paleta.
E dá um salto: E quem disse que só se pinta com tinta? (E quem me diria que só se escreve com palavras?). O pincel domesticado assume a forma De tesoura mágica E o balé da criação continua Divertido e essencial Picotando papéis coloridos O menino volta às telas E estende a alma Para uma arte que cola Um riso satisfeito Na cara da vida E dança com alegria.
Ana Mae Barbosa é a principal referência no Brasil para o ensino da arte nas escolas. Professora aposentada da USP, acredita que a arte estimula a construção e a cognição das crianças e adolescentes, ajudando a desenvolver outras áreas de conhecimento. Em entrevista exclusiva à Carta Maior, Ana Mae Barbosa falou sobre a importância do ensino da arte nas escolas e sobre as dificuldades de implantar essas idéias.
Acabou caindo na “vala comum” da época e foi estudar Direito. Para pagar os estudos, teve que partir para o ensino. As únicas profissões aceitáveis eram ser professora ou casar, disse. Odiava aquilo. Odiava o ambiente repressor das salas de aula. Por ironia, foi em um cursinho para concurso de professora primária que conheceu Paulo Freire. Na primeira aula, o tema da redação era por que eu quero ser professora?. Ana Mae escreveu o que sentia, que odiava educação. No entanto, apenas quatro horas de conversa com o mestre foram suficientes para destruir todos os seus preconceitos. Só então compreendi que educação não era aquilo que eu tive. Eu passei por um processo de abafamento e moldagem. Mas ele me ensinou que a Educação poderia ser libertadora.
E Ana Mae transferiu aquele sentimento o para a arte-educação, na Escolinha de Artes de Recife. Mudou-se para São Paulo para fugir da ditadura militar. Foi para os Estados Unidos, fazer mestrado e voltou como a primeira doutora brasileira em arte-educação e comandou as pesquisas sobre o tema na Escola de Comunicações e Artes da USP.
Criadora da teoria da abordagem triangular, a arte-educadora entende a necessidade da existência de educadores atualizados, artistas e acesso aos trabalhos contemporâneos para que os estudantes consigam atingir o máximo do desenvolvimento do conhecimento. Em entrevista exclusiva à Carta Maior, Ana Mae Barbosa falou sobre a importância do ensino da arte nas escolas e sobre as dificuldades de implantar essas idéias.
CARTA MAIOR – Existe um debate hoje sobre a obrigatoriedade da existência de artistas práticos especialistas nas escolas. Esse seria um grande passo para a Arte-Educação?
ANA MAE BARBOSA- O artista não necessariamente é um bom professor. Existe um estudo que defende ter ao lado de um artista um arte-educador trabalhando junto. Um profissional que conheça as fases de desenvolvimento da criança. Um arte-educador tem o preparo, conhece as fases de desenvolvimento e construção plástica da criança. É necessário que entenda as fases de recepção da obra de arte; entenda como articula o desenvolvimento social e cognitivo da criança. Por isso, eu defendo a presença dos dois profissionais ao lado das crianças. Os melhores projetos de arte-educação do mundo atuam dessa forma. Teve um projeto fantástico na Bahia, chamado Quietude da Terra. Uma curadora canadense veio ao Brasil e convidou vários artistas internacionais importantes. Eles trabalharam juntos com arte-educadores juntamente com crianças de rua de Salvador e atingiram um resultado excelente.
CM - Mas isso é factível para a realidade estrutural da educação?
AMB - Eu estou cansada dessa conversa de que custa caro. Custa caro colocar os menores na Febem. Um país que gasta mais dinheiro com prisão do que com educação tem que mudar. É factível. Acontece que, em países como a Inglaterra, Portugal e Canadá eles estão atentos a isso e defendem a Arte na Educação. Eles fazem o trabalho em conjunto do professor com o artista. É preciso aliar esse trabalho. O contato do artista é importante para provocar e trazer os debates contemporâneos para as salas de aula, abrindo os olhos para diferentes codificações.
Eu organizei recentemente um livro Arte-Educação Contemporânea Editora Cortês que tem um artigo que trata de um colégio no Canadá com artistas e arte-educadores. Já temos os arte-educadores nas escolas, agora é preciso criar projetos para que coloquemos artistas, das diversas áreas, nas instituições de ensino. O grande problema é que no Canadá eles têm um grande respeito à multiculturalidade. Eles fazem questão de mostrar os diversos códigos, como o dos africanos, o indígena. Isso é magnífico. No livro, eles colocaram também umas fotos que mostram a variedade de expressões.
CM - Mas a falta de investimentos no Brasil reflete-se apenas na ausência dos artistas dentro das escolas ou estende-se também à questão da capacitação?
AMB - Não é capacitação, o problema é a atualização. Qualquer professor precisa estar atualizado. Eu não concebo um professor que não procure, em um ano inteiro, um curso, uma conferência, ao menos para trocar idéias. A atualização deve, então, ser permanente e não algo esporádico como esta tal capacitação!
Há uma coisa meio perversa nos que chamam isso de capacitação. O professor é capaz. Atualização significa que o professor é capaz, está formado, e se ele não se atualiza constantemente será apenas um repetidor de formas e apostilas que nenhuma capacitação vai resolver. Eu acho que o investimento primeiro deve ser destinado à atualização constante. Uma coisa perversa que a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo fez foi achar que o que eles chamam de capacitação fosse feito apenas nas escolas. Eles pensam que os professores que saem para cursos tendem a voltar decepcionados para a escola, por não conseguirem depois programar aquilo que aprenderam. Então os professores ficariam desmotivados. Essa não é a minha experiência. Em todos os casos que conheço, os professores vão e voltam com um empenho tremendo.
CM – Então, explique para nós e para o leitor: por que é importante ter isso tudo na escola?
AMB - Para trabalhar construção e cognição. Na construção da Arte utilizamos todos os processos mentais envolvidos na cognição. Existem pesquisas que apontam que a Arte desenvolve a capacidade cognitiva da criança e do adolescente de maneira que ele possa ser melhor aluno em outras disciplinas. A música desenvolve diversos processos cognitivos, comparando, organizando, selecionando. Em Arte, opera-se com todos os processos da atividade de conhecer. Não só com os níveis racionais, mas com os afetivos e emocionais. As outras áreas também não afastam isso, mas a Arte salienta ou dá mais espaço. Para desenvolver a criatividade em ciência, a criança tem que ter certo QI racional. Para desenvolver através da Arte, a necessidade de QI é muito menor. Significa que ele procura outros caminhos cognitivos. Eu acho que, em primeiro lugar, a função da Arte na Educação é essa, desenvolver as diferentes inteligências.
Isso fica patente com o exemplo dos Estados Unidos, onde existe um teste equivalente ao Enem - aliás, o Enem é cópia do deles. Eles pesquisaram quais os currículos dos alunos que mais se destacaram no teste, nos anos 90. Todos eles haviam tido no mínimo dois cursos de artes. Lembre-se de que, lá, eles escolhem o currículo. Só aqui que currículo é igual à receita médica. Mas isso não era suficiente. Além disso, é preciso desenvolver o país culturalmente. Arte é uma fatia enorme da produção humana. E com uma vantagem imensa de rever cada época. Diferente do fato, o objeto arte permanece para ser revisto, relido ou reconcebido. Isso é essencial: operar no mundo com conhecimento.
CM - E quais são as políticas públicas que existem para garantir isso?
AMB - Não há políticas públicas. Uma das minhas grandes decepções com o atual Ministério da Educação é o silêncio absoluto sobre Arte-Educação, sobre a função da Arte. E, no ministério anterior, só se pensou em normatizar, parâmetros mínimos. O que é a mesma coisa. Não serve para nada, não funciona.
CM - Por que não funciona?
AMB - Se formos analisar o que aconteceu em outros países, percebe-se que eles voltaram para trás. Não deu certo na Espanha, e eles importaram um espanhol para desenhar o currículo que temos hoje. No lado que conhecemos e que chamamos de Ocidente, o melhor exemplo é o do Canadá. Eles se recusaram completamente a ter um currículo nacional. É puro desejo de controle das instituições. O interessante é que, quando surgiu essa reforma, eu me posicionei contra, fizemos todo um movimento. Aí eu fui até a Argentina e lá tinha um movimen
to imenso. Pois lá também estava acontecendo a mesma coisa. E o espanhol que ela
borou o currículo nada mais fez do que oferecer desenho para colorir: ele tinha o contorno de tudo e chamava as universidades hegemônicas para colorir em cada país. Aqui eles escolheram a Universidade de São Paulo. No Chile, foi a Católica. Na Argentina, foi a de Buenos Aires. Mas lá tinha um grande problema. A Universidade de Buenos Aires não tinha cursos de Educação. Estava um movimento muito forte. Foi até bom. Eu gritav
a contra e eles aplaudiam. Criei alguns inimigos. Mas, no fim, aconteceu o que prevíamos, não deu certo. Depois sobrou um vácuo...