Centro de Pesquisa e Formação em Ensino Escolar de Arte e Esporte, da 6ª CRE-RJ, onde são oferecidas oficinas de diversas linguagens artísticas aos alunos da Rede Pública Municipal de Ensino do Rio de Janeiro.
A Oficina de DJ do Núcleo de Arte Grande Otelo busca a introdução do aluno na linguagem radiofônica e o instiga a desenvolver uma atitude exploratória diante do universo musical e das variadas tecnologias disponibilizadas para que ele esteja apto a exercer a atuar de forma autônoma, criativa e habilidosa, a fim de proporcionar entretenimento aos mais variados públicos.
Considerando as constantes transformações no cenário musical, esta oficina, além de manter o aluno informado e atualizado musicalmente, o mantém antenado às novidades tecnológicas relacionadas aos aparelhos utilizados e também às técnicas empregadas.
Nesse contexto, priorizamos a musicalidade e a harmonia em suas performances e a busca do conhecimento de quaisquer ferramentas que lhe possibilitem chegar ao resultado desejado.
O Espetáculo Musical “Rio: O Berço que Embalou o Samba” nasceu de um musical piloto
também produzido e dirigido por mim intitulado “Praça Onze – A Apoteose Eterna do Samba nos 450 Anos do Rio”,
espetáculo esse que foi lindamente encenado no Teatro do Núcleo de Arte Grande Otelo,
no ano de 2014 e que tinha objetivo principal resgatar valores da cidade que completaria
450 anos de história e cultura, como o samba de raiz, a musicalidade e os
personagens dos carnavais antigos.
Sendo assim, para celebrarmos o aniversário da
cidade, tomei-o como fio condutor para a idealização de um grande espetáculo
que fizesse jus à vasta diversidade cultural do Rio de Janeiro e ao jeito
malandro carioca de ser.
E como o samba faz cem anos de existência e é
celebrado juntamente com os 150 anos da Praça XI e a comemoração dos 450 anos
do Rio de Janeiro, eu como carioca e sambista orgulhoso que sou, propus-me
a colocar no palco a história do gênero mais expoente da música popular
brasileira – o samba, esse ritmo que tem uma trajetória de dor, um jeito
moleque e um suingue na cor.
A minha proposta foi levada a toda equipe do Núcleo
de Arte Grande Otelo, com a qual foi intensamente discutida em reuniões e, finalmente,
aprovada para execução.
O texto do espetáculo resultou do incansável trabalho
de troca de ideias com a equipe e, sobretudo, de pesquisa na net, com a
participação dos alunos da Oficina de Teatro e na bibliografia de referência ao
tema.
O ambiente cênico do texto tem como recorte
geográfico o Rio de Janeiro, com os mais marcantes momentos do rico itinerário
do samba que, por alguma boa razão do destino, se fez carioca através dos
nossos próprios baluartes e se tornou “arte
popular do nosso chão”; sem, no entanto, esquecer o grande compositor
baiano Dorival Caymmi, que tanto exaltou o samba e a baiana.
O espetáculo é constituído de 10 (dez) quadros
cênicos que narram, de forma dramatúrgica e musical (como no teatro de
revista), a história do samba cronologicamente, desde a chegada dos escravos
africanos no Cais do Valongo, com o seu batuque, passando pelas casas das Tias
Baianas e quituteiras até a Apoteose da Praça Onze com o desfile das grandes
Escolas de Samba.
Cada cena representa uma fase desse gênero musical
contagiante que foi cada vez mais se transformando, se tornando mestiço e
criando um relicário de emoções, a partir de ritmos como o batuque das
senzalas, o lundu, o maxixe, a modinha, o choro e o jongo, até chegar ao que é
hoje – identidade musical do carioca e do brasileiro.
Cada aluno-ator protagoniza um personagem real ou
fictício, com seus parangolés – o escravo, o moleque de ganho, o nobre, a
mucama quituteira, a Tia Ciata, o Malandro, a Boneca de Piche, a dama da corte,
o folião, o sambista; mas tudo fundamental para o brilhantismo do espetáculo
que, com toda certeza, promoveu o conhecimento e o diálogo com as outras
Linguagens Artísticas, quebrando as barreiras do preconceito e da intolerância,
pois “o samba é o grande poder transformador”.
O mais interessante nesse processo de criação é o ponto em que a história
do samba se mistura e se relaciona com a minha vida, pois foi graças às minhas
heranças ancestrais que por ele me apaixonei.