Fonte: http://ims.uol.com.br/programacao/D1234
No dia 9 de agosto alunos do Núcleo de Arte, acompanhados pelos professores Imaculada, Luciana e Nilton, visitaram a exposição Haruo Ohara – Fotografias, com 110 imagens em preto em branco produzidas entre os anos 1940 e 1970 pelo fotógrafo japonês que imigrou para o Brasil em 1927. A curadoria é de Sergio Burgi, coordenador do acervo fotográfico do IMS.
Imigrante, lavrador e fotógrafo, Haruo Ohara (1909-1999) nasceu no Japão e emigrou aos 17 anos para o Brasil com os pais e irmãos. Cultivou a terra ao longo de boa parte de sua vida adulta com dedicação e arte – simultaneamente, fotografou sua vida e a de seus familiares. A obra de Ohara, alinhada com a fotografia moderna e humanista de meados do século xx, contribui para mostrar que alguns dos antagonismos da cultura brasileira, como aquele que contrapõe o campo e a cidade como símbolos do arcaico e do moderno, herança de nosso período colonial extrativista e escravocrata, não resistem ao surgimento de um novo personagem histórico na passagem do século xix para o xx: o imigrante europeu ou asiático, que renova cultural e economicamente o país a partir do campo e que, no caso específico de Ohara, encarna tanto o homem da terra como o homem da cultura.
A exposição apresenta marcantes imagens documentais e humanistas da família de Haruo Ohara, da região em que viveu (norte do Paraná) e do mundo do trabalho associado à abertura da nova fronteira agrícola dessa região pelos imigrantes japoneses e de outras nacionalidades que para lá acorreram.
“Da mesma maneira que os frutos da terra, as fotografias produzidas por Haruo reunidas nesta mostra também exigiram seu próprio tempo de processamento e maturação”, explica o curador Sergio Burgi. “A emoção do fotógrafo em ver sua intuição de uma determinada cena lentamente materializando-se no papel fotográfico, processado na penumbra do laboratório, certamente foi semelhante à emoção do lavrador Haruo, que, na luz atenuada do amanhecer ou do entardecer, contemplava o esforço de seu trabalho desabrochando em flor e fruto em seus campos cultivados”, acrescenta.
O trabalho de Haruo aponta para o fato de que, mesmo em um momento de forte transformação e aceleração tecnológica – a urbanização crescente do Brasil na época –, talvez apenas o tempo real de maturação das flores, frutos e filhos fortemente representados em sua obra fotográfica seja também o tempo real e necessário para a criação artística.
Brincadeira no canteiro de flores, c. 1950.
Chácara Arara, Londrina - PR
Fonte: http://ims.uol.com.br/programacao/D1234
Fotos Lucina Lima e Nilton Barbosa